TENTATIVA DE ASSASSINATO OU PROCURA DE PROTAGONISMO?

Na verdade, tendo em conta as actividades políticas e militares da FLEC-FAC, não fiquei surpreendido ao ler um tweet do “jornal” Club K de 10 de Outubro sobre um projecto, ou tentativa, de assassinato do porta-voz da FLEC-FAC, Jean Claude Nzita, no qual denuncia ameaças e planos de assassinato por parte do Serviço de Inteligência Externa SIE de Angola na pessoa do seu director Matias Bertino Matondo.

Por Osvaldo Franque Buela

Nos tempos actuais e sempre, nunca estive em condições de descurar que nós, Cabindenses, somos alvos sobre os quais estão colocados os meios de repressão política; de que somos inimigos do regime e das suas forças de segurança, uma vez que participamos plenamente nas reivindicações políticas no caso Cabinda.

Para cada uma das nossas reivindicações, e para cada um dos nossos meios de luta, a sentença do regime é implacável, as medidas de intimidação para alguns, raptos, desaparecimentos brutais, detenções e prisões arbitrárias de activistas cívicos, a tortura e a morte violenta de refugiados e outros oficiais e soldados da FLEC-FAC.

Num passado recente, o regime sempre organizou, e conseguiu, organizar os raptos e assassinatos brutais dos generais da FLEC-FAC nos Congo, cito o Comandante Pirilampo, Sabata, Noite e Dia, etc., o que indignou mais do que ‘uma pessoa devido ao seu carácter brutal e violento, mas de ambos os lados, alguns foram alvos e outros foram esquadrões de assassinos envolvidos no conflito de Cabinda, em conclusão é esta guerra imposta ao povo de Cabinda pelo regime angolano do MPLA, consequência da resposta pelas armas adoptada pela FLEC-FAC, e por falta de um processo de paz credível e aceitável para ambas as partes em conflito.

O que me intriga na denúncia do porta voz da FLEC não é a forma nem a substância. É bem normal para um ser humano temer a morte, mas é sobretudo o fundo, porque Jean Claude dá a impressão de que não é alvo do regime perante todas as suas actividades político-militar nas redes sociais, sendo ainda a primeira vez que vemos tal denúncia por parte de uma pessoa que diz ter em seu poder provas áudios e vídeos, e indícios de tentativa de envenenamento.

Quando uma pessoa dispõe de tais elementos de prova, que foi informada pelos serviços de países terceiros como ele diz, este tipo de planos denunciados podem constituir não só um perigo para todos os Cidadãos Cabindenses que privam com ele, mas também materiais capazes de derrubar o chefe dos Serviços de Inteligência Externos de Angola perante tribunais internacionais.

Como refugiado político em França, defensor da visão de uma solução política de paz para Cabinda e não pelas armas, resolvi notificar o governo francês, sem agir como advogado de Jean Claude. Como ele é cidadão suíço, aconselha o porta-voz da FLEC-FAC, Jean Claude Nzita, a intentar acções judiciais na Suíça e no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para que possam ser accionadas notificações judiciais contra os serviços externos angolanos e o seu actual director.

Estamos a iniciar a mudança anual em direcção ao quinquagésimo aniversário da independência de Angola para alguns, e ao quinquagésimo aniversário da ocupação, da colonização e da integração angolana forçada de Cabinda por outros, portanto o contexto político mundial exige de nós mais maturidade política e um afastamento da espiral de violência e de guerras que caracteriza o mundo neste momento.

Todos sabemos a forma como actua o regime do MPLA, e que todos aqueles que pensam o contrário são inimigos, mas acredito firmemente e não deixarei de o defender, que a solução para o problema de Cabinda e do seu povo não pode em caso algum ser resolvida. E reduzido às emoções deste ou daquele plano de assassinato de alguém, mas a solução deve ser encontrada no quadro da preservação de vidas humanas, incluindo a vida de Jean Claude Nzita.

A FLEC-FAC, consciente das questões geopolíticas globais do momento, deveria finalmente encontrar caminhos nos tribunais internacionais e dentro da União Africana, para expor o regime angolano que recusa todas as propostas de paz através do diálogo, e registar-se com a perspectiva de se aliar a todos os restantes actores políticos e associativos de Cabinda para fazer um balanço dos cinquenta anos de luta, e finalmente propor aos Cabindas uma saída digna e responsável para a resolução pacífica do conflito Angola-Cabinda.

Digo-o e nunca deixarei de o dizer aqui, os líderes das várias facções armadas da FLEC devem deixar de usar o monopólio da violência na luta ou na resistência armada em detrimento de todas as outras boas iniciativas pacíficas ou civis dos vários grupos dos estratos das camadas sociais.de CABINDA

Basta de divisões, de ódio, de emoções e de populismo.

Vamos dar lugar à dignidade e à maturidade política pela resolução do conflito por meios pacíficos.

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